sábado, 24 de novembro de 2012

Quimera

Todos os traços que eu sempre admirei em alguém, tão longe de ser possível avistar, era visto nela. A pele lisa, de um tom caucasiano refinado, quase anglo-saxônico, que ao sol ou a luz fluorecente parece brilhar, macia como a seda tecida pelos melhores artesões orientais, de brandas mãos, com tênues linhas de perfeitas voltas e lindos nós nas falanges médias e proximais, agraciadas por trejeitos manuais de bom grado quando levava uma mecha atrás da orelha e sorria.

Eu não dizia uma palavra, conseguiria formar, mas seriam obsoletas.

O sorriso branco de dentes bem formados de modo cortês, que acariciavam os lábios de uma maneira diferente de tudo o que já vira antes, não poderia ser reposto de forma alguma. Quando o inverno chega, o tom de pele ganha uma cor rosada, que contrasta firmemente contra as linhas azuis das veias salientes.
Os olhos... Castanhos, que maculam, que maltratam, que perfuram dentro dos olhos alheios. O olhar castanho tem um místico poder de capturar o que fica subentendido.

Nunca tive problemas em encarar pessoas, em confrontar olhares, nunca me intimidaram verdadeiramente... Mas aquele olhar, eu não consegui.

Era sereno, e ao mesmo tempo audacioso, complexo de decodificar, e se ficasse olhando por muito tempo, sentiria-me despida de segredos e desnuda. Aqueles olhos levemente puxados, cheios de si, meio prepotentes carregados de maquiagem pesada de três ou quatro tipos diferentes me deixaram inquieta, amedrontada, desnorteada. Por quê não conseguia decodifica-los? Que tipo de interferência eles dispunham? Não eram os mais lindos olhos que já vi, eram sim graciosos, pomposos, um olhar de fêmea, exatamente com essa palavra para adjetivar. Que será que guarda neles? Por quê tens tanta fixação e me dá receio?

O cabelo era de um castanho escuríssimo, quase negro, aveludado e liso. Caía sobre os ombros e banhava a metade do tronco, desfiado, repicado de forma desconexa, fazia o vento passar por entre as brechas, levantando as mechas e deixando-a com um ar descompromissado e ao mesmo tempo selvagem. Brigava com o tom de pele pálido, todo o tempo.

Ela falava. Mas eu não ouvia sequer duas frases inteiras. Era como se estivesse com ouvidos tampados, de forma ao som passar por eles sem ser capturado.

Não queria ouvir, ver bastava. Agradava-me o perfume, com um tom cítrico, típico perfume de verão - aqueles que se usa em finais de tardes de veraneio - era realmente encantador.

Parece me que poderia ser pintado naquele corpo, uma figura divina, uma valquíria talvez? - bastava mirar-lhe: tamanha beleza e sutileza em um único ser.

Poderia ser real?

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

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22/11 - tarde

Achei que tivesse acordado disposta, mas me enganei. Especificamente hoje estou sem paciência, to olhando seriado mas mal consigo me concentrar, pausando toda a hora. Não sei como vou p/ o fórum hoje do jeito que eu estou. Agora pouco tive uma forte tontura aparentemente do nada, mas espero melhorar até mais tarde, acho que foi só uma tontura boba. Só quero terminar o dia sem esmurrar a boca de alguém. É meu único objetivo de hoje.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Eles

21/11 - Noite.

Eu tenho esperança que as férias sejam melhores, e que eu possa usa-las da melhor forma que eu puder pra suprir esse meu desejo por mais. Eu to tentando desesperadamente cobrir os espaços, as lacunas deixadas pra trás, com todo o tipo de pensamentos positivos mas eu não to dando conta. Estou falhando miseravelmente... Minhas férias será minha última cartada antes que eles voltem, antes que eu tenha que apelar pra eles. Eu sei como funciona mas não quero, definitivamente, isso pra mim. Eu vou, dia pós dia, em uma espécie de desintoxicação, com calma achando que amanhã vai melhorar, mas não tá adiantando... Eu engulo um nó de cordas por noite, e isso tá me enlouquecendo!

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Você supõe o céu



Não me perturbe, quero saber o fim do sonho. Ou dá-me a mão e sonhamos, ou meia volta e feche a porta.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

R.I.P Caroline

Epílogo 1

Deus nunca desampara os que nele creem não é? Será mesmo?


Eu enxergo a vida através de um vidro embaçado que por mais que eu tente limpar, nunca fica claro e visível. Acabo me frustrando fácil. Sim, eu tenho alta sensibilidade à respeito de frustrações. Talvez seja meu modo detalhista sempre me espezinhando. Talvez seja só um jeito diferente de viver...

Viver?


Dia 3 de novembro de 2012 faria 4 meses da minha cirurgia. Um dia antes do meu aniversário, ironicamente. Estaria provavelmente fazendo os preparativos pra receber meus amigos.
Seria uma data comemorada em dobro, por questões singulares se não fosse o fato da cirurgia ter falhado.

-

Você pensa que vive, pensa que sente, pensa que se emociona, que algo te toca. Mas e se isso não for só um sonho de alguém? Nosso viver está completamente errado. É como se a Morte fizesse o papel do Sonho na casa do Sonhar. E eu faria 22 anos, terminaria o ano comemorando, completando mais um semestre e arrumando um emprego. Uma vida normal para uma garota normal. Mas não foi assim.

Não estou me queixando, só dizendo mesmo... Fazem 3 meses e uns quebrados, eu já não tenho mais o rostinho nem o tom de pele que eu tinha... Falando em pele, vocês nem gostariam de saber como ela está atualmente, ou o que sobrou dela. Sabe o que acontece com um cadáver com 3 meses? Não vale a pena procurar saber, a menos que tenha estomago forte.

A morte não é tão glamour como as pessoas pensam. Nem tão Ghost como a sessão da tarde mostra. É só que... você não espera. Ela te pega pela mão, e te leva. E se eu pudesse deixar algumas palavras, optaria por não dizer. Morta com 21 anos de idade e nenhum... NENHUM plano concretizado. É nadar até a praia e morrer após 2 passos na areia. Frustrante, como qualquer coisa inacabada! Choro, lamentações, uma família desestruturada, sofrendo com uma perda e todas as coisas que todos já sabem.

21 anos... Antes queimar inteira do que se apagar aos poucos.

Então por qual motivo Deus me desamparou? Deixou minha família sofrer, e abortou minha missão assim na maior! Não me venha com 'Deus leva os bons para seu lado', acabei de comprovar que não funciona assim. Minha vida... Quem vai tomar conta do meu José Al capone? Quem vai virar as noites junto com a Larissa? Ou planejar o RPG junto com o Tarciso? E quem vai conversar com John? Quem vai me substituir na banda? Quem vai estar do lado da minha mãe nas brigas dela com meu pai? e meus video games? Ninguém toca neles! Ainda são meus... eu acho (?) Ninguém pode ser substituído? Pode até ser, mas sempre vai ter alguém para 'compensar' as perdas, em todos os sentidos, sempre aparece uma alma caridosa, se é que você me entende...

As vezes precisamos de uma segunda chance. Não importa se você consegue se ver em uma mesa de cirurgia, perdendo energia, com aqueles aparelhos apitando e os médicos se agitando. A vida segue para eles, e pára para você.

O fato é: Tudo ....  .. dizer ... é...... ainda não..........  parar .    Não foi.   .... um .. .   ..












R.I.P CAROLINE. 04/11/1990 - 03/07/2012

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Como fabricar um incompetente social

Não havia dúvida de que Cecil era brilhante, especialista graduado em línguas estrangeiras, exímio tradutor. Mas em outras atividades ele era completamente inepto. Cecil não conhecia nenhuma das mais elementares regras de comportamento em sociedade. Atrapalhava uma simples conversa no café e ficava perdido quando tinha que matar tempo, em suma parecia incapaz do mais rotineiro intercâmbio social. O seu verdadeiro problema, disse Cecil ao terapeuta, era o receio que ele tinha de que nada do que dissesse iria despertar interesse nos outros.
Esse receio subjacente só piorava a sua falta de traquejo social. Seu nervosismo durante os encontros levava a debochar e a rir nos momentos mais inadequados, embora não achasse nenhuma graça quando alguém contava uma história de fato engraçada. A canhestrice de Cecil, confiou ele ao terapeuta, remontava à infância; durante toda a vida só se sentia à vontade com as pessoas quando estava perto do seu irmão mais velho, que dava um jeito de facilitar as coisas para ele. Mas quando seu irmão saiu de casa, sua inépcia foi arrasadora; Cecil era um deficiente em interações sociais.

Todos conhecemos Cecils, pessoas com uma irritante falta de traquejo social - pessoas que parecem não saber quando encerrar uma conversa e continuam falando, ignorando todos os sinais e insinuações para que desliguem; pessoas cujas conversas giram sempre em torno de si próprias, sem o menor interesse pelo outro, e que não levam em consideração as débeis tentativas para mudar de assunto; pessoas intrometidas ou que fazem perguntas inconvenientes. Todos esses desvios do que seria uma suave trajetória social revelam um déficit na edificação rudimentar da capacidade de interagir. Dissemia: para designar o problema de aprendizagem no campo das mensagens não-verbais; uma em cada dez crianças, aproximadamente, tem um ou mais problemas nessa área.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Titanium

Você grita algo, mas não ouço uma palavra do que você diz. Estou falando alto(em pensamento) mas ninguém ouve. Girando em círculos como uma bailarina de caixinha de música, as pessoas estão perdidas no seu egocentrismo enquanto observo as tendencias. Eu já  sei como isso funciona, eu já vivi essa cena algumas tantas vezes. Já aconteceu comigo também. Sou uma artista velha, conheço os personagens, as falas, as cenas. Eu já tive todo o tipo de terças-feiras que você possa imaginar e elas nunca mudam!
Eu fui duramente criticada mas as balas ricocheteiam. Estive beijando a morte, mas sabe: Tenho planos pendentes para resolver aqui.
Atiram em mim, uma, duas, dez vezes! Mas é indiferente... Eu levanto mais cedo ou mais tarde. É bom saber que estou de volta, é bom apertar forte meu punho o bastante até sangrar minha mão, eu estou viva. E eu sinto. Todos os sentidos amplificados, aguçados. Sem ferimentos. Só instinto!
Sou eu, é a lua.
É impressionante o que um coração de titânio pode fazer.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Só Lembranças

Eu sentirei falta da sensação de paz... Não é como sentir falta de vício, ou de uma rotina.
Sentirei falta daquela sensação de proteção, de descanso e de carinho. Mas não qualquer carinho: Eu tenho carinho o dia inteiro, carinho de todos os gostos e gestos, de todos os lados, de todas as classes e tons. Mas nenhum carinho será como aquele. Nenhum presente ou toque em minha mão... Nenhum toque será como o dela: toque suave e sutil, porque aquele carinho pertencia a ela. Eu sentirei falta daquele toque quente, que esbanjava carinho e proteção, diferente de todas as outras. Uma mistura de carinho-amante como carinho maternal, não sei explicar... Uma coisa que pessoas como eu, e outras do gênero não sabem reproduzir. Somos frios quanto a sentimentos, tentamos agradar mas não soa natural como o amor de um leonino.

Lembro que a cada vez que deitava no peito dela, meu corpo entrava em folga, eu não precisaria matar ou morrer, porque ela estava ali, e me cativava como ninguém mais. Quando meu braço se sobrepunha sobre seu tórax morno, macio e balsâmico, eu sentia que poderia morrer ali, sem clichês. Sua respiração era calma, e seu braço esquerdo era aconchegante e chegava para justapor com minhas costas, enquanto sua mão direita brincava de entrelaçar seus dedos finos, com nós pequenos e arredondados aos meus. Ela sabia exatamente o que fazer, e a maneira certa de me afagar, sem falar uma única palavra: Ela não gostava de falar. Enquanto olhava para o teto, eu ficava tentando saber o que ela pensava - mas não dizia - e me deixava curiosa. Quando chegava a hora de levantar, nunca queria, sempre me puxava pela cintura quando estava me recompondo para começar o dia. Era sempre cinco minutos, os mais perfeitos cinco minutos...

É uma das coisas que jamais vou esquecer. Talvez uma das mais bonitas de todas.

Essas descrições são memórias que me vem à cabeça em algumas noites e que batem tanto à porta para serem exibidas que algumas vezes elas vencem.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

The Last One

Se você está lendo isso, é porque já está com muita raiva de mim. E porque eu consegui atingir meu objetivo. Sabe, pode ter parecido completamente idiota ou sem o mínimo nexo o que fiz, mas acredite: um dia você ainda irá me entender.
Nós estávamos sofrendo muito por uma ligação de aço-quase-indestrutível que tínhamos. Uma ligação que tentamos várias vezes romper com brigas, mas no final sempre retornávamos para o mesmo ponto de encontro. E sofríamos por isso de novo! Por ciúmes, por preocupação e afins.

Eu honestamente não aguentava mais isso! E eu sei que tu também não estava indo bem em saber novas notícias sobre mim sem ficar abalada, convenhamos.

Sabendo que isso ia se prolongar, eu resolvi tomar uma medida drástica e cortar relações. E a única maneira que pensei era fazer tu me odiar. MAS ODIAR MESMO! Eu precisava ser convincente no meu papel de filha da mãe, embora tivesse achado tão especial tua sms de pedido de desculpas por quase me matar do coração por aquela carta no blog. Tudo o que eu queria dizer era: ‘ok, tudo bem... eu me preocupo contigo, e não me assuste mais! bocó!’ tudo o que eu queria dizer era: "tu pula, eu pulo lembra?"



Acontece que eu já tinha tomado minha decisão e DEUS SABE o quanto foi terrível falar aquelas coisas horríveis-que se tu tivesse sido um pouco astuta- sabe muito bem que nada tem haver comigo. (Quando eu iria falar coisas daquelas para ti? hello?)Usei palavras fortíssimas pra me referir A TI, logo A TI! A pessoa que me rasga ao meio e me recompõe sempre que quiser. Mas eu usei, e tu caiu na minha. Completei com algumas coisas no face e tu foi procurar e caiu de novo. - Estava feito. Foi como no Dear John, graças a Deus foi pela net porque ao vivo eu nunca conseguiria completar o plano! Só de ouvir tua voz, eu iria mudar de ideia na hora!!
Me senti  um monstro, mas eu sabia que era o melhor a fazer. Agora que tu está magoada e com raiva o bastante, que já passou dias para que tu possa remoer BEM o que te disse, eu resolvi abrir o jogo.





Acredite: Vai ser melhor pra ti, vai poder seguir tua vida lembrando de mim apenas como um vulto negro e sórdido que bem no final te despejou um horror de palavras quando tu apenas tentava se desculpar pra seguirmos amigas.



Eu decidi parar teu ou diria nosso (?) elo porque eu sinto coisas por ti que não posso mais sentir, e eu sei que tu também sente e sofre. Agora isso acabou, e tu está livre.
Não vou me desculpar pelo que fiz porque aquilo foi preciso, caso contrário tu nunca iria me esquecer.
Um dia tu irá entender que foi melhor, e só me vendo como uma crápula tu vai conseguir esquecer a imagem real de mim: aquela que tu conheceu até o dia do último telefonema sobre a carta.

E aí, tu olhou pro céu no dia da lua? ela certamente não estava maior que o teu dedão... 



quarta-feira, 25 de abril de 2012

From: Me To: Me


São poucas coisas que na minha cabeça eu entendo por especial. São (BEM) menores as chances de eu sentir algo por alguma pessoa, do que as pessoas sentirem algo por mim, então quando eu sinto eu me torno feliz. Felicidade te cega? Estou começando a achar que a mim, sim.

Algumas vezes eu acho que não vim dotada de capacidade de amar alguém de forma tão rápida. Eu não entendo pessoas que se apegam, se apaixonam, se tomam de amores fugazes e vorazes de forma tão expressa. Também não sou muito capaz de demonstrar carinho, até hoje não sei o porquê disso, uma vez que fui criada com tantos cuidados... Acho que isso é muito particular. Eu consigo me manter muito tempo sem receber afagos, abraços, beijos, e seus derivados sem me sentir mal. Pode chamar de fria se quiser... Eu acho isso bom, se quer saber! Nem sempre teremos carinho por perto, isso é uma realidade e temos que saber viver bem sem isso.

Finais sempre são tão difíceis... Especialmente quando não são finais.
- Ok Carolzinha linda maravilhosa, como existe final sem final?

Quando um filme é cortado, não alcançando o final, faz surgir uma agonia, frustração, raiva e ira de tal forma a ser pior do que quando você o assiste até o fim e não gosta do seu final. ISSO é um final barrado, violado, cortado. E isso faz uma tragédia na vida das pessoas! Assim segue essa mesma linha de raciocínio com os relacionamentos, meus caros. O amor tem uma vida útil, como uma bateria. Tem seu tempo de 'rodar' como um filme... Uma vez que ele chega ao fim, ok. Fim.... Ninguém questiona, e tende-se a conformidade. Mas nem todos acabam... Os meus relacionamentos (seus lindos!) adoram ser cortados. Por isso, por aquilo... justificativas tem aos montes, mas posso tirar uns 2 que acabaram, e só.

Aí  que surge o problema. A mente inquieta, o conflito, o sofrimento, e toda a novela mexicana que inclui traição, choro, morte, puxão de cabelo... (tá, n é pra tanto também...)

Eu não tenho mais nada a perder na minha vida. Acha exagero uma guria de 21 anos dizer isso? Mas sinto lhe falar: é verdade.
Engraçado pensar que nós sabemos algo sobre amar alguém... Eu já tive tanto pra aprender sobre isso e até hoje eu vejo que não sei nada. E que aprendi tão pouco com os erros a ponto de comete-los mais de uma vez, achando que dessa nova vez vai dar certo. Engano meu... Engano de toda mulher, na verdade. Elas sempre pensam 'com esse aqui vai! ele é tudo!' Depois tu descobre que o 'tudo' lá mentiu, manipulou, traiu e depois achou outra e te trocou.
-Ah Carol mas eu fui fiel! eu cuidei dele, eu dei atenção..eu fiz isso e fiz aquilo, eu dei presentes, eu levei no cinema, eu isso eu aquilo... OK! Não fez mais do que a obrigação. O fato da pessoa errar, ou 'cuspir no prato que comeu', não pode mudar o TEU caráter. Não é porque a pessoa foi má, ou enganadora que eu devo ser também. Lembra o que falei sobre respeitar? sim eu sei... É REVOLTANTE. É revoltante, é de deixar a criatura fervendo tu fazer das tripas-coração e receber o que em troca? só decepção. Mas a realidade é que sempre vemos nosso lado... Sempre. Já parou pra ver os erros que tu cometeu pra ela? Os surtos de ciúmes? As vezes que tu deixou escapar da forma mais infeliz que ela/e já tinha pertencido a meio mundo? Ou a vez que tu deixou a pessoa te esperando na net? são coisinhas que machucam. Eu errei muito, e eu não to escondendo aqui meus erros. Só acho que erros são divididos em pesos, e minha querida... Precisaria errar mais umas 10 vezes da forma mais sórdida pra conseguir empatarmos. To mentindo?

Acredito que as pessoas tenham um padrão que tendem a se apegar e achar vantagens nele. O meu sempre foi pessoas problemáticas, em 99% dos casos. Não falo de forma pejorativa, na verdade eu adoro pessoas problemáticas. Elas me atraem... São sexy. Eu tenho algum tipo de fixação e acabo sempre me envolvendo. Acho que estou na profissão errada... Deveria ser psiquiatra ou psicologa. As vezes eu chego a analisar que num certo ponto dos meus relacionamentos, eu não tenho mais uma companheira, e sim uma paciente.

O interessante é que em geral, são pessoas ótimas! Visualmente atraentes, inteligentes, cavalheiras, com ótimos gostos. Só que eu penso que o problema (que já ouvi tantas vezes de amigos meus e teimo em ignorar) é que essas pessoas não conseguem manter um relacionamento sadio por questões óbvias de problemas emocionais. Podem ser agressivas, podem ser melancólicas demais, podem ser hiperativas demais, podem ser complexadas demais, ou quem sabe carente demais, ou talvez elas busquem em ti uma eterna aprovação. E tu demonstra que está ótimo, porque você realmente aprovou o que ela fez... Mas tu pensa que ela acredita? Só falta te chamar de mentirosa. É complicado... Convivo com muitos tipos de problemáticos e sei como lidar. Só que confesso, as vezes é desgastante.

Eu sempre primei por meu equilíbrio e pela minha estabilidade em relacionamentos(quando realmente me importo com o mesmo) mas um relacionamento é composto, e não singular. Uma vez que eu dê tudo de mim, e não receba de forma igual, ou às vezes receba de forma contrária me faz esfriar. Eu de certa forma tenho problemas em confiar em alguém. Talvez seja  obra do meu pai... De tanto ele me incutir na cabeça que as pessoas 'não prestam' e que só querem isso ou aquilo, sempre tive uma armadura ao meu redor... Poucas pessoas conseguiram penetra-la. Então esse negócio de confiança é TUDO para mim. Se eu notar que algo está indo mal, e sentir que algo está errado. Minha confiança se vai... e leva junto meu respeito pela pessoa. Como luto para que isso não aconteça... Porque quando acontece, para mim a pessoa vira um lixo, e eu passo a ter desprezo incontrolável... É exagerado? pode ser. Mas é meu modo de agir.

Todos tem o direito de buscar alguém especial. Para mim uma pessoa especial começa com devoção, segue com fidelidade, e termina com respeito. Uma vez perdida a segunda e a terceira peça do quebra-cabeça, não temos mais o pêndulo. Não temos mais nada. Para alguém que presa pela VERDADE acima de tudo, e de jogar limpo... Eu já 'to legal' de gente desonesta.

Mas nem tudo é coisas ruins! Existiu muitas coisas boas... O que me deixa frustrada não foi ter sido passada pra trás, ou deixada de lado, ou ainda trocada, sabotada e fudida.... O que me deixa frustrada é ver uma coisa tão boa terminar antes do fim, levar embora minhas memórias boas e deixar saudade, frustração e agonia.

Por tudo o que eu fui... Eu honestamente, merecia o final tipo A, o final bonito. Mas não foi dessa vez... Pelo menos o que foi bom eu guardei. E pelo menos isso ninguém pode me tirar.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Hope


Eu tenho estado em uma sensação de inércia quase imperceptível aos olhos. Tem vezes que me sinto em um mundo do Tim Burton, onde você abre uma porta e aparece uma parede de tijolos maciços bem na sua frente. Ultimamente eu vejo o mundo de uma maneira tão melancólica e nostálgica que chega a doer. Eu penso uma coisa e faço outra. Fico eternamente lutando por um dia melhor, por um dia a mais, todos os dias. Tenho doado uma força que não tenho a muito tempo, sendo um tipo de propulsor, tenho sido otimista quando estou quase surtando. Ouvido reclamações de todos os lados, e tentado ajudar sem questionar nada! Preciso de um futuro bom que vai demorar anos pra chegar... Preciso de um suporte que ninguém me dá, porque não podem me dar... Porque as pessoas que poderiam estão desmoronando tanto quanto eu. A única diferença é que elas demonstram e alguém sempre ajuda. Tem vezes que cansa ser forte, compreensiva, amiga, gentil, sutil, educada... Bons modos cansa! Algumas vezes que gostaria de deixar de ser um escudo pra ser armadura. Tem vezes que gostaria de dizer: "
Hey! posso deixar de proteger para ser protegida?" Eu realmente preciso ser uma menininha chorona e mimada... É idiota eu sei, mas acredite que bancar a rocha-que-nada-nunca-abala, bancar a forte que sempre protege, a mão amiga que sempre conforta... O ombro amigo pra chorar, a psicóloga... As vezes pode cansar.


Eu preciso aprender a ser mais humana, mais humilde, mais garota de carne e osso, de sentimentos e surtos, e menos durona. Tenho que me permitir errar... Tenho que por na minha cabeça de merda que nem sempre eu tenho suporte pra ajudar. Que algumas vezes eu preciso ser acolhida e não me sentir mal por isso.


É por aí...

domingo, 22 de janeiro de 2012

Benjamin Quebrado


- "Roll, Benjamin."

Quando suas mãos pegaram os dados, eram tremulas, estavam sujas e frias.

(o mesmo olhar sublime e 'castanho melancolia' de sempre.)

Mirando o homem, agitou-os em sua mão e jogou. Eles caíram rolando... 5 5 5 7 4 13 6 4.

O homem observa atentamente os números, volta o olhar para Benjamin e diz: - "Foram bons números, você tem sorte."

Sorte? Por quê haveria Benjamin de ter sorte nessa vida?

O homem junta os dados com sua manopla, e guarda todos em um saco marrom, feito de couro cru.

- silêncio -

Aqueles números tiveram sentido naquela hora... Era algo que balbuciava palavras imaginárias na mente do garoto, que se misturavam a uma canção em uma caixa de música em perfeita forma... A canção da caixa importava? Sim. Para Benjamin, era a mais bela canção que já ouvira em uma caixinha de música.

ouvira esta canção:

( http://www.youtube.com/watch?v=0m4XQ0NisxA&feature=related )

Benjamin era um garoto vivido, que já tinha experimentado tantas coisas na vida, e se surpreendido com tão poucas... A vida lhe traria felicidade, mas antes disso, ensinaria ele a ser forte. É destino! Ninguém mexe com destino.

Ele estava pronto para deixar aquele lugar, mais um dos que várias vezes teve que deixar.

Quando o homem observa o garoto ouvir a melodia, e chegar mais perto... Hipnotizado pelos tons. O homem olha para seus olhos... Aqueles olhos castanhos e puxados contavam uma história que ninguém tivera a sensibilidade de entender. Eram olhos castanhos comuns, mas profundos.

O garoto parou e escutou a música até o final. O homem dos dados se abaixou, e se pôs de joelhos em frente ao menino. Encarou-o por um minuto em total silêncio.

A cena que ocorreu não pode ser transcrita em palavras. Só oque posso dizer: Ele chorou com o menino.

Pegou a caixa da mesa, fechou-a e ofereceu a criança.

"Leve com você, vai trazer toda sua felicidade de volta. É o que posso lhe garantir."

Benjamin pegou a caixa com as mãos sedentas de vontade! Era o que lhe havia trazido felicidade por todos os minutos que tocara, não poderia deixar escapar. Uma vida de tristezas amenizadas por uma caixa tão pequena... Tão delicada.

Benjamin mirou o homem, para lhe agradecer... Mas palavra nenhuma saiu de sua boca pálida. Ele sorriu, e num pulo saiu caminhando e olhando para trás... Sorrindo.

E o homem, retribuindo o sorriso acenava para ele.

E os dados? Bem... Benjamin fora buscar um pão para saciar sua fome. O modo proposto pelo homem para lhe conceder o pão, era benjamin alcançando um número superior a 45 e inferior a 50. Foi sorte. Não de conseguir seu pão do dia...

Mas sim, de conseguir de volta sua alegria que fora roubada pelas pancadas da vida.

Pobre Benjamin quebrado... Pobre Benjamin quebrado...

Role os dados, ganhe um pão

Role chances, ganhe gratidão

Role lembranças, e ganhará o real amor.

Fique bem, Benjamin Quebrado.