terça-feira, 25 de setembro de 2012

Como fabricar um incompetente social

Não havia dúvida de que Cecil era brilhante, especialista graduado em línguas estrangeiras, exímio tradutor. Mas em outras atividades ele era completamente inepto. Cecil não conhecia nenhuma das mais elementares regras de comportamento em sociedade. Atrapalhava uma simples conversa no café e ficava perdido quando tinha que matar tempo, em suma parecia incapaz do mais rotineiro intercâmbio social. O seu verdadeiro problema, disse Cecil ao terapeuta, era o receio que ele tinha de que nada do que dissesse iria despertar interesse nos outros.
Esse receio subjacente só piorava a sua falta de traquejo social. Seu nervosismo durante os encontros levava a debochar e a rir nos momentos mais inadequados, embora não achasse nenhuma graça quando alguém contava uma história de fato engraçada. A canhestrice de Cecil, confiou ele ao terapeuta, remontava à infância; durante toda a vida só se sentia à vontade com as pessoas quando estava perto do seu irmão mais velho, que dava um jeito de facilitar as coisas para ele. Mas quando seu irmão saiu de casa, sua inépcia foi arrasadora; Cecil era um deficiente em interações sociais.

Todos conhecemos Cecils, pessoas com uma irritante falta de traquejo social - pessoas que parecem não saber quando encerrar uma conversa e continuam falando, ignorando todos os sinais e insinuações para que desliguem; pessoas cujas conversas giram sempre em torno de si próprias, sem o menor interesse pelo outro, e que não levam em consideração as débeis tentativas para mudar de assunto; pessoas intrometidas ou que fazem perguntas inconvenientes. Todos esses desvios do que seria uma suave trajetória social revelam um déficit na edificação rudimentar da capacidade de interagir. Dissemia: para designar o problema de aprendizagem no campo das mensagens não-verbais; uma em cada dez crianças, aproximadamente, tem um ou mais problemas nessa área.

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