terça-feira, 10 de julho de 2012

Só Lembranças

Eu sentirei falta da sensação de paz... Não é como sentir falta de vício, ou de uma rotina.
Sentirei falta daquela sensação de proteção, de descanso e de carinho. Mas não qualquer carinho: Eu tenho carinho o dia inteiro, carinho de todos os gostos e gestos, de todos os lados, de todas as classes e tons. Mas nenhum carinho será como aquele. Nenhum presente ou toque em minha mão... Nenhum toque será como o dela: toque suave e sutil, porque aquele carinho pertencia a ela. Eu sentirei falta daquele toque quente, que esbanjava carinho e proteção, diferente de todas as outras. Uma mistura de carinho-amante como carinho maternal, não sei explicar... Uma coisa que pessoas como eu, e outras do gênero não sabem reproduzir. Somos frios quanto a sentimentos, tentamos agradar mas não soa natural como o amor de um leonino.

Lembro que a cada vez que deitava no peito dela, meu corpo entrava em folga, eu não precisaria matar ou morrer, porque ela estava ali, e me cativava como ninguém mais. Quando meu braço se sobrepunha sobre seu tórax morno, macio e balsâmico, eu sentia que poderia morrer ali, sem clichês. Sua respiração era calma, e seu braço esquerdo era aconchegante e chegava para justapor com minhas costas, enquanto sua mão direita brincava de entrelaçar seus dedos finos, com nós pequenos e arredondados aos meus. Ela sabia exatamente o que fazer, e a maneira certa de me afagar, sem falar uma única palavra: Ela não gostava de falar. Enquanto olhava para o teto, eu ficava tentando saber o que ela pensava - mas não dizia - e me deixava curiosa. Quando chegava a hora de levantar, nunca queria, sempre me puxava pela cintura quando estava me recompondo para começar o dia. Era sempre cinco minutos, os mais perfeitos cinco minutos...

É uma das coisas que jamais vou esquecer. Talvez uma das mais bonitas de todas.

Essas descrições são memórias que me vem à cabeça em algumas noites e que batem tanto à porta para serem exibidas que algumas vezes elas vencem.