segunda-feira, 20 de julho de 2009

15 de Junho / 20:30 pm


  • ... Se pudesse dizer, diria que não preciso puxar pela memória.
Não era definitivamente qualquer dia comum, nem dia era. Um noite fria, densa, chuvosa e despretensiosa, o ar pesava, difícil de tragar. Arriscaria dizer que no lugar mais inóspito de se permanecer por mais de meia hora, estavam aquelas duas moças.
Estavam a conversar calorosamente em uma espécie de prosa divertida, solta e suave.
Não posso negar, uma das moças me chamou atenção: Tinha baixa estatura, escondia as mãos ligeiramente tremulas e machucadas, certamente tinha algum receio, que eu, não conseguia identificar ao longe.
Já a outra moça de pele rosada, porte médio-alto, cabelo rubro-escuro, sorria e mirava a luz do poste, analisando as gotículas caírem num tom sonso, nem lento, nem rápido, que daria certo tédio, se não fosse tamanha felicidade, ora mirava para trás, a procura de algo ou alguém. Pressa nenhuma das duas tinham, mas o frio que acalentava devagar, cada polegada de pele, fazia o tempo se esvair, como uma ampulheta quebrada e descontrolada esquecida em um voador antigo. A moça a qual citei no inicio, era de uma beleza exótica, era um fato consumado. Incrivelmente não se adaptava a padrões. Era simples, mas completamente deslumbrante, sua pele lisa e nova, repousava milimetricamente nas curvas mais bem-desenhadas que já constatei. Seus cabelos eram negros e pomposos, com cachos fartos que contrastavam com a luz do poste, amarrados cuidadosamente em um rabo-de-cavalo. O sorriso, absolutamente delirante, com seus dentes maciços e brancos, perfeitamente alinhados, quase esculpidos naquela pequena boca. E a boca? Ahhh... a boca inquieta, delicada, com traços finos, lábios vermelhos e firmes. Mas o principal, ninguém deixaria escapar... Era o olhar que ela lançava a todo instante a outra moça. Um olhar terno, frágil, feminino, pulsante e verdadeiro, elas conversaram algum tempo, tempo demais talvez, logo se abraçaram, pareciam uma única pessoa, ali parada no frio, na noite em frente aquela academia. Não era passado, não era retrógrado.
A moça de cabelos rubros estava embargada de uma emoção sem tamanho, enquanto a outra desfilava aquele sorriso estonteante.
Ali teve um começo, eu sei, mas não um começo comum, como tantos, um começo diferente. O começo delas. Que falavam, não sei dizer... Mas deveria ser bom...

Porque naquele momento... elas pareciam infinitas.

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Eu escrevo e descrevo isso de tantas formas, e todas elas serão para ti. Amor.
Prometo lhe embrulhar beijos no papel branco e a sonoridade de minhas musicas: cante-as, para que ao longe eu possa ouvi-las, cante-as para que não esqueça que sou teu ritmo, a embalar-te até que não possa mais, e tu minha melodia, da qual necessito todos os dias.

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