sábado, 24 de abril de 2010

Sobre vitrais sujos e miligramas


Quantas coisas te frustram na vida?
Quanto em miligrama você gostaria de sentir? Você vive uma vida confortável e segura, rodeada de amor e pompas.
Por que largar isso e ir a passos para o olho do furacão?
Você quer ser sedada, Elisa?
- Minha letra é pequena, mas não caia em tentação de achar que por isso, ela vale menos.


Nos dias que decorrem dessa imunda situação, algo fez questão de fazer-la sentir raiva.
Ora céus, mas por quê? Por qual motivo?
Tinha em material, tudo que sempre quisera, tinha pais que faziam papéis de de 'pais de novela'.
Tinha proteção e amor para vender e trocar. - Amor se troca?
Sua vida seria melhor, seria provável que fosse, se outrora não tivesse sido sedada. Relógios de paredes combinam com casas cinzas e velhas, mas já tenho dúvida se gostaria de você aqui, badalando-me como um. Tempero é uma coisa desnecessária, que ao contrário que se pensa, só faz perder o sabor da vida...
Elisa estava transtornada, com as mãos suando frias, tentando esconder a cabeça. Estava inquieta, inconformada, azeda, e irritada. Pelos simples fato de que não pudera fazer nada para mudar uma coisa.
E ela estava começando a cansar disso.

___

Tudo que ouviu não lhe agradou.
- 'Vai mesmo apostar? É UM VALOR ALTO! tome cuidado, falo porque sou seu amigo... Isso não é sua culpa. Não precisa entrar nessa roubada. Qualquer pessoa que conheço, correria para muito longe disso tudo.'

Ela estava pensando alto, olhando fixa para seus pés, sentindo-se derrotada, cuspida, por algo que nem fez! Jesus Cristo!
Então ela retruca
: ' Tenho escolha realmente? Vou me fechar e deixar que tudo se vá? E quando o pior acontecer, onde é que EU me encaixo? Eu não tenho culpa, mas eu tô dentro! Por mais que a incerteza me chupe os pensamentos a cada maldita hora do dia. Não sou a principal, eu sei... Mas sou Eu que me importo, e sou eu que tem que morrer quando é hora de morrer por mim, e sou eu que tem De morrer quando é hora de morrer pelos outros.'

Não é sorte, não é vislumbre, não é honroso, é idiota.
Quem é que se importa com gente forte?
( os fortes não sofrem, cortam-se e riem disso, ninguém precisa ajudar uma pessoa forte!) - será mesmo?

- ' Hmmm. Okei. Como sempre irremediável, então vá até o fundo e arranque ela da água a murros! Mas vai ter de tomar pulso! E antes que me esqueça: Ninguém vai notar que você ajudou.'
- É, eu sei. -
disse com displicência.

Diálogos curtos passam pela cabeça de Elisa, com a mesma velocidade que se sente a dor de uma pancada no cotovelo. Todas as horas do dia, algumas horas da noite.

E ela? Irritava-se.
Sabe quais são as piores sensações que sua mente pode lhe presentear? Não existem números certos, mas nossa mente pode fazer pessoas confiantes ficarem neuróticas, talvez fosse o caso dela, talvez fosse só os últimos anos... Talvez não. Desde que os valores se perderam como pó, as coisas não eram mais as mesmas. Quantas pessoas ao seu redor saem do comodismo para jogar roleta-russa? A vida é mesmo irônica.
Pessoas de bom grado são escudos, ninguém pode nota-las, pelos simples fato de que são fortes! Quem precisa ajudar alguém assim?
Entre-linhas acabavam com ela, desde sempre. Mas maestro que é maestro, nunca desmente sua crença em dizer a verdade de forma oculta.

-

Cansou. Como quem cansa de cantarolar aquelas músicas chatas que ficam na cabeça. Cansou de tentar achar modos de ajudar, sente que com todas as armas e escudos, o buraco de agonia e solidão é tão grande, imenso! Que talvez ela não vá o fechar, como também despenhará para dentro dele.
- 'Lutar para deixar alguém triste é muito simples. Agora tente lutar com toda a força para deixar alguém feliz.
Que me diz? É difícil... Algumas pessoas não tem conserto, e se alguém tentar consertar-lhes o corpo, danifica-o muito mais.' - Conclui Elisa.

Ela fita o lugar cinza, frio, com olhos cansados. Olhos de quem não pode fazer mais nada para salvar uma vida. Essa sensação novamente... (Eu já senti isso antes... Tem gosto de café frio, tem sensação de fracasso, e cheira a Naftalina.) Mas por quê diabos se importar?
Elisa experimenta um amor vencido, quebrado e feio. Segunda opção, meu caso.

Nem sempre se consegue o melhor na vida... Isso não é engraçado para você? Segundo plano não é tão mais gostoso? Diga por você; Eu não direi por mim.

Você vai estar aí quando ela dizer seu 'sinto muito'?
Você observa o mundo de um vitral sujo?
Qual o problema com você, hein?
Quem vai ser o próximo sedado?

...

Elisa segue em um impasse, como sempre ninguém vai ver, nem ouvir falar sobre ela, nem notar que um dia a garota forte, também necessitava de ajuda, porque conseguiu - parabéns a ela, garota estúpida- meter-se em uma caixa trancada a sete palmos e meio do chão.

Esqueceram ela, um pouco mais.

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